terça-feira, 14 de maio de 2013

FILMES - O Guardião de Memórias

O Poder de nossas escolhas.

A trama começa em 1964, com o nascimento dos gêmeos Paul e Phoebe, e vai até 1989. É, sobretudo, uma história sobre o poder de nossas escolhas. David Henry fica chocado ao perceber, no parto, que sua filha tinha Síndrome de Down e, relembrando o quanto foi difícil perder sua irmãzinha aos 12 anos de idade devido a problemas cardíacos causados pela mesma doença, tenta poupar sua esposa e a si mesmo da dor de perder um filho prematuramente e toma uma decisão radical: pede a enfermeira que leve o bebê para uma instituição para doentes mentais. Aqui vale fazer um parêntese: É importante lembrar que a história se passa em 1964, quando não havia tanta informação disponível sobre Síndrome de Down nem tratamentos para os problemas congênitos que acompanham a doença, então, portadores dessa doença morriam jovens. Isso está muito bem retratado no livro, seja por meio do vocabulário que atualmente é considerado politicamente incorreto, mas que era corrente naquele tempo, como mongoloide, retardada, asilo de doentes mentais, seja por meio das dificuldades enfrentadas por Caroline, que teve que lutar contra vários tipos de preconceito por ser “mãe solteira” e ainda por cima ter uma filha com problemas mentais.

Voltando à história, a decisão de David acabou destruindo sua família: sua mulher, Norah, que nunca se recuperou da “morte” da menina, distanciou-se cada vez mais do marido e mergulhou na bebida; seu filho, Paul, que era superprotegido pela mãe e negligenciado pelo pai, com quem passa a discutir frequentemente por causa da carreira musical que pretende seguir; ele, David, se enterra no trabalho de ortopedista e passa a dedicar-se à fotografia, permanecendo mais tempo em sua câmara escura do que com a mulher e o filho. 
Muita descrição do passado de Norah, David e Caroline e um número excessivo de personagens secundários e suas histórias colaboraram para tornar o ritmo do livro meio arrastado. Reconheço que fiz “leitura dinâmica” em umas partes iniciais para ver se chegava logo a alguma ação. Lá pela página 90-100 a coisa começou e engrenar e me senti envolvida na história, querendo saber o que aconteceria. É muito tocante ver como Caroline enfrentou todas as dificuldades para ficar com Phoebe e dar a ela uma vida “normal”, isto é, sem aceitar a negação de direitos a sua filha, lutando para que ela tivesse todas as oportunidades que qualquer outra criança teria, mas aceitando suas limitações. A dor da perda, para Norah, fez com que ela se divorciasse de David, mas, por outro lado, ela renasceu como uma mulher independente. David, por sua vez, arruinou seu casamento e seu relacionamento com o filho e era considerado insensível por Norah, mas, na verdade, ele era o “Guardião de Memórias”: por meio de sua câmera fotográfica, via sua menininha abandonada crescer em meninas desconhecidas







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